sábado, 11 de julho de 2009

Capivara Paulistana sente saudade do Aeroanta


Passando pelas obras do Metrô ali onde era o Largo da Batata no bairro de Pinheiros a Capivara sente saudade de seu amigo Aeroanta que morou no clássico endereço da rua Miguel Isasa numero 404.

O Aeroanta foi um marco do final dos anos 80 e inicio dos 90. Um bar com palco para shows com capacidade para até 1000 lugares com boa infra-estrutura, ideal para tocar. Era comum a banda que estava tocando descer à pista de dança quando acabava o show para dançar com a galera. São Paulo talvez nunca teve um berçário tão eficaz para fazer surgir novas bandas como o Aeroanta.

Entre as bandas que posso lembrar constam: Mulheres Negras, Que Fim Levou Robim, Rock Memory, Skowa e a Máfia, Vulkanas, Utopia, Pink Floyd Cover, Police Cover, Sex Fanzine, U2 Cover, Tubaina do Demonio, Ira e o Lagoa 66 (acho que foi a banda que inaugurou o palco do Aeroanta em 1988), uma espécie de banda tapa buracos, todas as vezes que alguma banda furava, lá ia o Lagoa.

Teve também um pessoal da zona norte que criou a banda Ghetto, que se apresentou lá diversas vezes, fez um sucesso repentino e depois sumiu. A banda Vexame com a escachada Mariza Orth que deitava no chão e gritava muito. Outros lembrados até hoje por gente da minha geração são: Marisa Monte e Ed Mota, o show do Cazuza com a direção de Ney Matogrosso, etc.

Aconteciam umas coisas estranhas lá, teve até um show do De Falla que foi assistido por ninguém menos que Nick Cave (acho que estava perdido pelo Aeroanta).

Em alguns dias da semana eles mudavam a programação para “Aerojam” e “Aeroreggae”, tinha até peças de teatro.

Uma grande estrela revelada no Aeroanta foi Regina Casé, no monologo "Nardja Zulpério", escrito e dirigido por Hamilton Vaz Pareira. A primeira temporada da peça ficou poucos meses em cartaz, porque Regina estava grávida de sua filha Benedita.

O Aeroanta foi criado por cinco sócios, entre eles Alexandre Negrão ( Piranha 1980, Olívia e Lanterna), Betão Pandiani que também foi sócio do Singapura, Clube Base, Olivia e Mr. Fish, entre outros. Betão deixou o entretenimento no final dos anos 90 e assumiu a vela como esporte.

Os sócios pretendiam cativar intelectuais que na década de 80 se reuniam no Empanadas do bairro de Pinheiros e do Frango na Freguesia do O.

Podemos comparar o Aeroanta com outras baladas clássicas de São Paulo como Bar do Leo e Brahma na década de 40, Bares Elidio na Mooca, Jabuti na Vila Mariana da década de 60 e o Galery nos anos 70.

Tinha dois ambientes com um mezanino. O ar condicionado estava sempre mal regulado, o que fazia o chope vender a rodo.

O Aeroanta fechou em 1994 logo depois começaram as obras de expansão da Faria Lima, e até a clássica rua Miguel Isasa sumiu do mapa.

O final da balada era sempre selada com o “suspeito, porém gostoso” cachorro-quente do Chernobil. Um tiozinho bem simpático que ficava com o seu carrinho na porta até as 06:00 da manhã.

3 comentários:

Paulo D'Auria disse...

Ah, Skowa, G.U.E.T.O.... Isso sim é que era funk!

Lembra do Akira S?

Ô, saudades boa!

Marcelo Rocha disse...

Oi.
Você poderia colocar isso no Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Aeroanta)... falta informação lá e você conhece bastante. Curti muito o Aeroanta e vi muitos shows classe por lá. O tempo passa...

Anônimo disse...

Olá,
Eu era o baixista do pink Floyd Cover, Police Cover e do Sex Fanzine. Fui técnico de som do Aeroanta em 1992 também.
Abraço!