terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Capivaras Guardiãs do bolo de aniversário de São Paulo 465 anos


No ultimo dia 25 de janeiro, São Paulo completou 465 anos de idade e o Mercado Municipal, 86 anos.  Ricardo Magalhães, o confeiteiro que já a 15 anos faz os bolos oficiais da cidade, com o patrocínio da APECC (Associação Paulista dos Empreendedores do Circuito das Compras) veio com algumas novidades.

Alem dos 96 frutas, cada qual representando um bairro da cidade, Ricardo encomendou a Luiz Pagano, criador da Capivara Parade para criar quatro capivaras em forma de dioramas para representar os quatro espíritos Guardiões do bolo de aniversário de São Paulo:

Conceito das CAPIVARAS GUARDIÃS (assista ao vídeo)


01 - CAPIVARA DANTES

Esta capivara guarda a vida privada da família Paes de  Barros, Corrêa de Moraes, Dumont Villares e todas as demais famílias que escreveram a historia da vila de São Paulo Paulo de Piratininga. Cada qual com seus ilustres antepassados, construíram nosso orgulho de ser paulistano.

 02 – CAPIVARA GUI.
Esta capivara guarda o nobre espírito de Guilherme de Almeida, o “Poeta da Revolução de 1932”, que participou ativamente na Semana de Arte Moderna de 22, lindamente celebrado no quarto centenário da cidade de São Paulo. Se São Paulo é o resumo do mundo, como certa vez foi citado por ele, Guilherme de Almeida é o Resumo de São Paulo. 

 03-CAPIVARA JESUÍTA
Esta capivara guarda o espírito dos missionários Jesuítas que fundaram a nossa cidade, estudaram os costumes dos nativos brasileiros e foram os grandes guardiões da cultura Tupi. Foram expulsos do Brasil pelo Marquez de pombal em 1750, mas sem antes nos deixarem registros detalhados do idioma Tupi, lendas como a do curupira e do saci e os nomes topográficos como Iguatemi, Morumbi que jamais nos deixa esquecer de nossa rica e bela origem. 

 04 CAPIVARA RICARDO SEVERO.
Esta capivara guarda o grande espírito luso/brasileiro responsável por grandes obras de engenharia realizadas em São Paulo ao lado de Ramos de Azevedo. Severo foi o grande fomentador do associativismo, participou da fundação da Câmara de Comercio Portuguesa e da Casa de Portugal.

A Tradição do bolo do Mercadão


A cidade de São Paulo se destaca das demais metrópoles do mundo quando o assunto é festejar e compartilhar com seus cidadãos, sendo considerada a metrópole mundial mais fraterna dentre as outras metrópoles mundiais.

Nas vésperas dos dias 25 de Janeiro de cada ano, o confeiteiro oficial do Bolo do Mercado Municipal de São Paulo, o professor Ricardo Magalhães e sua equipe fazem a criação e confecção do bolo temático.

São poucas as cidades do mundo que oferecem bolos aos cidadãos em seu aniversário, São Paulo e Rio de janeiro são algumas delas. As comemorações nas cidades parecem ter chegado às Américas junto com os imigrantes italianos, no dia19 de setembro de 1926, alguns imigrantes de Nápoles resolveram se reunir ao longo da Mulberry Street, no bairro de Little Italy em Manhattan, Nova York para o primeiro festival popular do gênero nas Américas, A Festa de San Gennaro, mas se você quisesse experimentar os tradicionais canoles e mais comidas, tinha que comprá-las nas bancas.

A idéia de fazer um bolo e dividir com a população surgiu durante as comemorações do IV Centenário de São Paulo, mas foi apenas 32 anos depois que o morador do tradicional bairro do Bixiga, Armandinho Puglisi, tomou a iniciativa de fazer um bolo gigante para dar de presente à cidade e seus moradores, no ano de 1986. 

Aniversário Marta Suplicy,  2002 Bolo do aniversário de SP, antiga sede da prefeitura no Palácio da Industrias, 2004, Aniversario  de São Paulo de 465 anos, em 2019 ao lado do prefeito Bruno Covas

Em 25 de janeiro de 2004, quando a cidade de São Paulo completou 450 anos, a Prefeitura de São Paulo decidiu não apenas organizar eventos para o dia 25, mas preencher o ano inteiro com eventos festivos para presentear os moradores da cidade. Foi nesse ano, em meio a muitos acontecimentos, que o professor Ricardo Magalhães foi contratado para fazer o bolo, projeto que leva muito a sério vem aprimorando até os dias de até hoje.

O professor Ricardo, tem no Mercado Municipal o espaço perfeito para as celebrações. Está localizado dentro do triângulo histórico da antiga vila de Inhapuambuçu, formada pela confluência dos rios Anhangabaú e Tamanduateí, onde o Cacique Tibiriçá recebeu o estrangeiro João Ramalho com beiju (não exatamente um bolo) e cauim, bebida ritualística fermentada de mandioca e o tomou carinhosamente como membro de sua família, simbolizando assim o primeiro registro histórico da tradicional recepção calorosa de São Paulo de Piratininga.


Ricardo Magalhães ao lado do concept artist Luiz Pagano, que o ajuda no conceito e design do bolo, bem como com referências culturais da cidade, no aniversario de São Paulo de 465 anos de 2019 - aqui vemos toda essa arte sendo impressa na gráfica Star Signs


Ainda segundo o professor Ricardo, esta festa é a forma perfeita de se distribuir energias de alegria e felicidade através de um expediente físico, o bolo - que tem três propostas básicas, nutrir o corpo com delícia, encher a alma com festa e promover a harmonia e a união entre os cidadãos de São Paulo.

No que diz respeito aos antecedentes históricos do bolo, tmos que voltar à Roma antiga, onde a tradição dos bolos de aniversário e casamento tem suas raízes, quando um bolo de trigo ou cevada era oferecido por amigos próximos e violentamente esmagado na cabeça do aniversariante e/ou dos noivos para dar sorte.

O aniversariante tinha o privilégio de comer os primeiros pedaços e, no caso do casamento, o casal que comia os pedaços do chão juntos, celebravam união e amizade.

Não era exatamente o pão de ló com cobertura que temos hoje, nem o beiju com cauim de Tibiriçá, mas o conceito de comemoração é o mesmo.

Não importa quantos doces diferentes existam no mercado, nada pode substituir a singularidade dos bolos. Afinal, o que é uma festa sem bolo?

Com suas cores vivas e design criativo, os bolos do professor Ricardo podem, sem dúvida tornar qualquer ocasião e uma festividade mais divertida e feliz. 

Bolos significam marcos, e os bolos de aniversário da cidade de São Paulo no Mercado Municipal marcara a vida do professor Ricardo de varias formas. 

Ricardo rodeado pelos amigos que o ajudam a realizar o sonho do Bolo

Nesses últimos 19 anos, Ricardo fez bolos com o apoio dos mais de 265 lojistas do mercadão que se tornaram grandes amigos e que mudaram sua vida.  No aniversário de 465 anos da cidade, no ano de 2019, quando o Mercado Municipal completou 86 anos, o Professor Ricardo contou a com a ajuda espiritual das chamadas ‘Capivaras Guardiãs do Bolo’, criadas pelo amigo o artista Luiz Pagano para abençoar a festa.

Luiz Pagano, que também é um revivalista das culturas brasileiras, está trazendo para as prateleiras do mercado o CAUIM, tradicional bebida fermentada da mandioca indígena por meio de métodos industriais e é também o idealizador da Capivara Parade – evento nos moldes da CowParade de Pascal Knapp, no qual que as capivaras chegam aos centros urbanos como representantes da natureza, capazes de nos lembrar constantemente que as cidades devem ser sustentáveis.

A amizade e o apoio vem sempre também da APECC – Associação Paulista dos Empreendedores do Circuito de Compras, por meio de seu diretor, Thomas Law, que também dirige a Ibrachina. 
 
A bela e clássica arquitetura do Mercadão recebe flâmulas e decorações do 22º Festival de Gastronomia e Cultura, com bandeiras dos países e estados brasileiros participantes.

Este ano a festa foi extraordinária, diz Aldo Bonametti, Diretor Presidente do Mercado SP, "...o mercadão, que faz aniversário no mesmo dia da cidade, completou noventa anos, e para celebrar tivemos entre os dias 18 e 22 o Festival de Gastronomia e Cultura, uma série de eventos que acontecerão durante o resto do ano para celebrar os seus 90 anos. 

No ano de 2023 contamos com participações mais que especiais: - da pequena e adorável chef do futuro Célia Riviti, cuja a tradicional banca de sua familia no mercadão cedeu espaço para cortes e lavagens de frutas: - do Instituto Chefs Especiais, pessoas com Síndrome de Down, coordenados por Luciano, que fizeram os brasões de frutas com autonomia e excelência; – de Antonio Carlos Augusto e Dona Nena da padaria Pérola da Vila Mariana (na R. José Antônio Coelho, 552), que doaram mais de 400kg de pão de ló e 300kg de frutas; - dos voluntários da Igreja do Largo de São Francisco, coordenados por Vilma da Ciência Prima; – e dos Pretos em Movimento, representados por  Emerson Leal Leão.

O bolo que foi colorido naturalmente por meio de frutas representando os 20 países participantes do evento gastronômico, junto com outras 5 regiões brasileiras foi cortado por volta as 11hs e a distribuição dos pedaços iniciou logo em seguida, servindo aproximadamente 3 mil pessoas.

COMO O BOLO É FEITO

Se você já se confunde com a receita do bolo de caixa, vai se perder na complexidade que envolve a confecção do bolo da cidade, detalhes como volume a ser servido, logística, corte e lavagem das frutas são minuciosamente observados e executados pelo professor Ricardo e sua equipe.

FASE 1. PESQUISA

Uma vez aprovado pela Prefeitura de São Paulo e pela Administração do Mercado Municipal, Ricardo inicia um cuidadoso trabalho de pesquisa, no qual busca homenagear assuntos importantes. Este ano foi o 22º Festival de Gastronomia e Cultura com bandeiras dos países e estados brasileiros participantes.

FASE 2. DESIGN

Aqui vemos as fases de planejamento e concepção do bolo de 2019.  Uma mesa cortada no formato da cidade recebe as camadas de pão de ló,  creme e frutas conforme gabaritos desenhados e impressos na gráfica STAR SIGNS conforme os desenhos de Luiz Pagano, que dá vida à concepção do professor Ricardo.

Entende-se por ‘design’ não só o aspecto estético do bolo, mas sim conceitos e envolvimento/atuação de parceiros, os possíveis conceitos e fluxo do evento são discutidos e aprofundados nesse momento.

FASE 3. PLANEJAMENTO

Nesta fase, o orçamento, local e cronogramas já devem estar prontos.

Se a fase de pesquisa e design foi bem conduzida, nenhuma (ou pequenas) falhas serão encontradas nesta fase.

FASE 4. COORDENAÇÃO

Esta é a fase em que os requisitos de logística, mão de obra e a participação de outros colaboradores são finalizadas e a maior parte do trabalho necessário para o pré-evento é concluída.

O bolo é feito em camadas em uma mesa especialmente desenhada e cortada, sobre a qual são colocadas Pão de ló, creme, frutas e ornamentos

Desde 2004 o bolo é montado em uma mesa especialmente cortada no formato do mapa do município de São Paulo, feito com duas camadas de pão de ló recheados com creme, cobertura de creme, uma camada de frutas diversas, em homenagem aos comerciantes de frutas do mercado.

Para o mosaico de frutas em camadas de níveis deste ano, o professor Ricardo usou uma camada extra de pão de ló, coberto com ameixas. As bandeiras foram montadas em formas metálicas. A parceira CIMAPI entra aqui com o suporte técnico à confecção do bolo.

FASE 5. AVALIAÇÃO PÓS EVENTO

Pesquisas e avaliações pós-evento fazem parte dessa fase, na qual os parceiros checam o cumprimento de seus objetivos de participação e preparação, são observados detalhes para correções no próximo evento e o bolo do ano seguinte começa a ser pensado.

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Agora que você já sabe tudo sobre o evento do bolo, não perca as próximas edições de aniversário da cidade de São Paulo e venha dividir um pedaço de bolo com a gente.



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