domingo, 31 de maio de 2009

Capivara descobre a cidade planejada de Prestes Maia


Ao visitar parentes próximos que habitam a concretada Marginal Tiete, a capivara paulistana se impressiona com a Ponte das Bandeiras e antes mesmo que pergunte sua prima responde:

- Esta é a Ponte das Bandeiras. Não é só mais uma via de circulação na cidade de São Paulo. É, na verdade, um marco da vontade de progresso que contagiou a sociedade paulistana na primeira metade do século XX e seu principal mentor foi sem duvida Prestes Maia.

Prestes Maia cursou Humanidades no Ginásio de São Bento, da capital paulista. Formou-se em 1917, pela Escola Politécnica de São Paulo em engenharia civil e arquitetura. Foi membro do Instituto de Engenharia, da Sociedade de Arquitetos de Lisboa, da Sociedade de Arquitetos do Uruguai, etc. Entre seus trabalhos citam-se: "Estudos de um Plano de Avenidas para a cidade de São Paulo", Edições melhoramentos, 1930, "O Zoneamento Urbano", São Paulo, Ed. Sociedade Amigos da Cidade, 1936, "São Paulo, Metrópole do século XX", São Paulo Ed. Prefeitura Municipal, 1945, "Insolação Escolar" e "Plano Regional de Santos", 1950.

Infelizmente para São Paulo a “prestemaianização” não aconteceu da mesma forma que a “haussmannização” parisiense (o projeto de modernização e embelezamento estratégico da cidade de Paris realizado pelo Barão de Haussmann, o “artista demolidor” de 1862 a 1875).

No ano de 1930 Prestes Maia e Ulhôa Cintra esboçam um sistema viário para São Paulo. O Plano de Avenidas de Prestes Maia concebe um complexo de vias radio-perimetrais contornando a mancha urbanizada da cidade. As avenidas marginais Pinheiros e Tietê completariam, junto com o Ipiranga e o vale do Tamanduateí, o traçado esquemático de um círculo. Esse programa viário foi denominado pelos dois como perímetro de irradiação. O sistema era composto de parkways, avenidas que interligavam parques, procurando integrar linhas de circulação com as áreas verdes. Prestes Maia o circuito de parkways da seguinte forma:

"É uma orientação americana, moderna e feliz, a de ligar entre si os parques duma cidade por meio de avenidas amplas que conservam alguns caracteres que lembram os parques, tais como arborização, ajardinamento, casas afastadas, etc."

Foi prefeito da cidade de São Paulo, cargo ao qual foi guindado pelo Governo do Estado que se estendeu de 9 de março de 1938 a 10 de novembro de 1945, tendo voltado a exercer tais funções em 8 de abril de 1961, com mandato de mais quatro anos.

Durante sua gestão na Prefeitura, deu prosseguimento à construção do Estádio Municipal da Prefeitura, projetou e abriu as avenidas Duque de Caxias, Nove de Julho, Ipiranga, Conceição, Vieira de Carvalho, São Luís, Anhangabaú, as praças Roosevelt e Clóvis Beviláqua. Construiu a ponte das Bandeiras, a Biblioteca Municipal, a Galeria Prestes Maia, alguns viadutos com exceção dos de Santa Ifigênia e do Chá.

A Capivara realmente acredita que nunca mais tivemos prefeitos tão pró-ativos, visionários, com tão bom gosto e principalmente tão honestos nesta cidade e concorda com Monteiro Lobato que certa vez disse:

"Para mim, só dois homens que já exerceram funções públicas demonstraram essa honestidade absoluta: José Américo (o escritor que foi governador da Paraíba) e Prestes Maia. Todos os demais são relativamente honestos, inclusive eu."
Monteiro Lobato, 1946.

“As melhores administrações limitam suas preocupações às obras municipais e, frequentemente, julgam que estão fazendo urbanismo quando fazem simples engenharia.” Discurso de Francisco Prestes Maia (Amparo, 19 de março de 1896 — São Paulo, 26 de abril de 1965) em 1935.

Um comentário:

Paulo D'Auria disse...

Ah, por que será que não fomos merecedores de que tal projeto fosse levado adiante?
Por que será que São Paulo tem esta triste sina de se enfeiar cada vez mais?
Uma cidade tão rica, que poderia investir em planejamento, arquitetura, urbanisno, paisagismo... Só sabe investir em asfalto!!!
Que pena, que pena, que pena...